lunes, 29 de noviembre de 2010

1761- Deserção de treze marinheiros que vinham do Estado da índia

4.1 Processos judiciais

Num outro processo, em 1761, o Desembargador e Ouvidor Geral do Crime, Cyriâco António de Moura Tavares informa através de ofício, a devassa de deserção de treze marinheiros que vinham do Estado da índia, detidos 345 no ano de 1759.
4.2 Promoções
Um outro caso curioso é a concessão de patentes que o Vice Rei efectuou a dois negros e a um comerciante, porque achou ser do interesse da Coroa, justificando o motivo por que o fez. As patentes em causa são os seguintes:
■ Capitão de Companhia de Ordenanças (composta por mulatos)
■ Sargentomor dos Assaltos este tinha por função prender os negros fugidos ao seu senhor, que se escondiam no mato; tratavase de um posto frequentemente atribuído a um mulato ou negro;
■ Cabo de Baluarte não tinha guarnição; podia ser atribuído ou não a um militar; segundo o ViceRei era um posto que fora «sempre arbitrário dos governadores»6.
Importa referir que mal tomou posse, o Vice Rei publicou em Maio de 1749 uma pragmática (lei) que proibia o uso de espada ou espadim às pessoas de baixa condição (artesãos, povo, comerciantes, mulatos e negros). O uso de espada ou espadim era igualmente símbolo de estatuto e posição.
Qual os motivos destas nomeações? Dois mulatos que pediram para utilizar espada: eram de "cabedaf (subentendase posses) e bom tratamento. Porque se encontravam abrangidos pela pragmática do Vice Rei, propuseramse pagar 3$000 cruzados para a Fazenda Real para que pudessem utilizar aqueles símbolos, «o que lhes não admiti»7, refere o Conde de Atouguia.
Inconformados com esta decisão, os dois mulatos propuseram então ser promovidos nos postos de Capitão da Companhia vaga de Ordenanças e no posto de Sargentomor dos Assaltos. Dessa forma contornavam a situação e poderiam utilizar espada ou espadim, com a vantagem que normalmente nos referidos postos eram nomeados mulatos ou negros, continuando a oferecer a citada quantia de 3$000 cruzados para a Fazenda Real.
Em 1759, por se encontrar vago o posto de comandante de uma companhia do regimento de infantaria (até aí sob a responsabilidade de Manuel Domingues Portugal), o Conde dos Arcos manda que se informe publicamente, por edital, que quem pretendesse concorrer ao posto de Capitão daquela unidade deveria entregar os «.papeis dos seus serviços correntes na secretaria do mesmo estado dentro do prazo de quinze d/as»359. …………………João Bernardo Gonzaga envia uma carta a Thomé Joaquim Corte Real, ínformando-o da sua tomada de posse como Intendente Geral360 e intercede em nome do sobrinho João Clarque Lobo, Tenente de Infantaria, do qual envia a respectiva a Fé de Ofício, alegando ainda que o dito sobrinho era Tenente da Guarda do Vice-Rei.361
fuente: FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

O Exército na Capitania da Bahia entre 1750-1762
Dissertação de Mestrado de História Moderna apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Elaborado pelo Licenciado Fortunato Carvalhido da Silva Porto 2002

martes, 23 de noviembre de 2010

1869-ZAMBEZIA - batuque de guerra

Ern 7 d'agosto de 1869, sahiu a bateria d'artilheria da Zambezia com destino a Mazaro, embarcando em couxes e almadias, barcos feitos d'nma só peça, isto é, madeiros cavados em íórma de calha; podendo alguns receber 30 homens. A força pernoitou em Inhassunge n'este dia. No seguinte, aproveitando a maré, dormiu no Chimbazo, ficando no Interre, ao terceiro dia de viagem. N'esta povoação houve batuque de guerra, festejando a chegada da bateria. A's 10 e ineia da manhã, tendo o commandante mandado abrir um barril d'aguardente, principiou a festança. Treze tambores de varios feitios e dimensões, tendo os menores o tamanho e a configuração d'um gral, fizeram ouvir um prolongado rufo, que, augir.cntuudo progressivamente, attingiu proporções assustadoras. Os pretos e pretas, formando um grande circulo, cantavam em coro harmoniosa, mas estridentemente, ao som de um bater de palmas compassado. No centro um dançarino afamado fazia esgares e gestos obscenos; contrahia o ventre enrugando-o; contorcia-o, dando-lhe formas extravagantes; depois dilatava-o, de salto, com força, impellido por mola occulta. Â. dança do ventre.  Este trabalho, segundo dizem, muito difficil, é apreciadissimo entre os pretos. De repente, surgiu um negro armado com espingarda de silex, com a cauda de boi, distinctivo de guerra, mettida no cano da arma. Depois de beber um copo d'aguardente (mata frio) deu um salto gigante, apontou a espingarda, como quem via o inimigo muito proximo; retirou desconfiado, sem disparar, desenvolvendo prodigiosa agilidade, avançou novamente, cauteloso, de rastos, com a arma na mão direita, encolhendo-se como o tigre prestes a dar o salto, disparando finalmente a espingarda, e correndo em seguida, em saltos vertiginosos, de machado em punho, para acabar com a viciana imaginaria. Então tudo gritava, os tambores tocavam com mais força, e o valente, arquejante, cançado, vacillante, cahia prostrado junto do barril da aguardente, implorando mais um copo de mata frio.
fuente: (pag23) Recordações da expedição da Zambezia em 1869: consideravelmente augmentada e precedida d'uma carta do ... Augusto de Castilho, José Joaquin FerreiraTypographia Progresso, 1821 - 142 páginas

lunes, 22 de noviembre de 2010

1862 QUESTÃO ANGLO BRAZILEIRA.

O Boletim do governo de Macau

Imprensa nacional, 1862
Correspondência de* Portugal e Brazil de 28 de junho, copiámos o seguinte:
QUESTÃO ANGLO BRAZILEIRA.
Despacho de conde Russell ao ST. Elliot, servindo de ministro de sua magestade britânica junto de sua magestade o imperador do Brazil.
Ministério dos negócios estrangeiros, 6 de junho de 1863.
" Senhor ministro. Inclusa remeuu a correspondência recentemente trocada entre mim e o comrnendailor Moreira, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário de sua magestade o imperador do Brazil. ................." O desejo do governo de sua magestade britânica era simplesmente obter segurança para as pessoas e propriedades dos seus súbditos, que tivessem a desgraça de naufragar nas costas do Brasil e tornar respeitadas no território brazileiro as pessoas dos officiaes de marinha ingleza. Mas como o governo brazileiro comprehendeu mal as intenções do governo de sua magestade britânica einterrompeu' as relações diporoaticas, ordena-se-lhe que peça os seus passaportes para si e para as pessoas pertencentesaessa embaixada, e que saia do Brazil. Confiará os archivos ao sr. Westwood, cônsul de sua magestade britânica.
" Desejo que declare, ………………………………….no espaço decorrido de 19 de dezembro de 1800 a 7 de abril de 1862, ficarão senão sem resposta ao menos sem resposta satisfatória. Estas notas, dirigidas em conformidade com as instrucções do governo de sua magestade britânica, pediam ao governo brazileiro relatórios acerca do numero e condição de alguns negros, tomados aos navios da escravatura, e ha muitos annos declarados livres pela commissão mixta do Rio de Janeiro, os quaes, ha todos os motivos para acreditar que ainda se conservem escravos, em contravenção da lei e dJS obrigações cnntrahidas pelos tratados.
" Posso também mencionar a nota dirigida em 12 de fevereiro, pelo sr. Chris'tie ao sr. marquez de Abrantes, na qual, segundo as instrucções do governo de sua magestade britânica, era chamada a altenção do governo brazileiro sobre as diversas communicações que lhe dirigira, e que haviam Meado sem resposta, comunicações em que era reclamada a liberdade sem condições a favor de todos os africanos declarados livres pelo tribunal da commissão mixta.

"É verdade que o governo brazileiro respondeu a esta nota : todavia a resposta do sr. marquez de Abrantes, de 28 de fevereiro, vistas as circunstancias e tornando em considerações as demoras anteriores não se pôde considerar satisfatória. N'esta nota, o sr. marquez de Abrantes declarava que o governo brasileiro estudava, com zelo e solicitude, a questão dos africanos livres, afim de proceder com a discrição e prudência que o caso pedia. Mas o que é certo é que o governo de sua magestade britânica ainda não recebeu as informações que pedira reiteradamente, e que tinha direito a exigir em virtude das estipulações do tratado em favor dos africanos que fossem declarados em liberdade.
http://books.google.com/books?id=V7sgAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=es#v=onepage&q&f=false

domingo, 21 de noviembre de 2010

RAÍZES ÉTNICAS DA CAPOEIRA ,Rio de Janeiro - Fevereiro 2010

GRIFO: FIS -Faculdades Integradas Simonsen, Departamento de História, Curso de Pós-Graduação em História da África e da Diáspora Africana no Brasil. Bruno Rodolfo Martins
RAÍZES ÉTNICAS DA CAPOEIRA ,Rio de Janeiro - Fevereiro 2010.

jueves, 18 de noviembre de 2010

1533 - Joao de Barros feitor das Casas da Guiné e Índias ( Lutadores bons )

Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto (1778)

Author: Barros, João de, 1496-1570; Parr, Charles McKew donor; Parr, Ruth, donor
Volume: v.3 pt.2
Publisher: Lisboa : Na Regia officina typografica
Possible copyright status: NOT_IN_COPYRIGHT
Language: Portuguese
Title varies: v. 2-8, Da Asia de Joao de Barros, dos feitos, que os Portuguezes fizeram no descubrimento, e conquista dos mares, e terras do Oriente.

João de Barros

Historiador e escritor
n. provavelmente em Viseu em 1496; f. em Pombal em 20 de Outubro de 1570.

Filho natural de Lopo de Barros, corregedor da comarca do Alentejo em 1499, nasceu possivelmente em Viseu, ou em Braga. Moço do Guarda-roupa do príncipe D. João, futuro D. João III, foi nomeado em 1525 tesoureiro das Casas da Índia, Mina e Ceuta, e em 1533 foi nomeado feitor das Casas da Guiné e Índias, cargo que exerceu até 1567. Na época que mediou as nomeações, viveu em Pombal, fugindo da peste que assolou Lisboa em 1530 e evitando as consequências do grande terramoto de 1531 que destruiu a capital. Nesse ambiente calmo da Quinta do Alitém, parte do dote da sua mulher, contando 24 anos de idade, publicou em 1530 uma novela de cavalaria com o título Crónica do Imperador Clarimundo, contando a história de um antepassado legendário dos reis de Portugal. .........................................................................................................................................................Em 1535, quando foram criadas as capitanias brasileiras, D. João III doou-lhe uma das doze criadas, com cinquenta léguas de largura ao longo da costa, na foz do Amazonas. Decidiu equipar uma expedição para ocupar o território doado, com o apoio de Aires da Cunha e Álvares de Andrade, outros dois beneficiados com capitanias, que terá sido composta por dez embarcações, com novecentos homens, sob o comando do primeiro dos capitães. A frota saiu em fins de 1535, dirigindo-se para o norte do Brasil mas foi destruída na barra do Maranhão, tendo a maior parte dos participantes sido morta. Este desastre deixou João de Barros bastante empobrecido.

As milícias negras no Império Ultramarino português:

GRAVURA: '''Grammatica da Língua Portuguesa com os Mandamentos da Santa Madre Igreja''' de João de Barros. Source=Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 1, nº 8, fev/mar 2006
Date=1539 Author=João de Barros (1496)
As milícias negras no Império Ultramarino português:
O esforço bélico das milícias[1] negras no Império Ultramarino Português pode ser identificado logo nos primeiros anos da expansão marítima lusitana. Um dos primeiros relatos de práticas beligerantes de homens negros na defesa de possessões portuguesas foi realizado pelo historiador português João de Barros (1496-1570). Em Décadas da Ásia, Barros exaltou a coragem e a lealdade dos escravos negros da Guiné, insistindo, junto aos seus compatriotas, no emprego destes em maior escala do que haviam feito dos mouros e berberes. Para João de Barros o potencial militar dos escravos africanos era superior aos mercenários suíços.
Durante o cerco de Ormuz (1622), Edward Monnox observou no seu diário que, acerca das táticas defensivas, “a maior parte do que foi feito, deve-se aos negros que os portugueses mandaram à frente para deitar recipientes com pólvora, com os quais muitos persas ficaram miseravelmente escalpados ou queimados”. Ainda em 1622, a ineficácia do ataque holandês feito a Macau teria sido propiciado pelas “proezas dos escravos negros” dos defensores. Os africanos, feitos escravos, também eram freqüentemente utilizados como tropas auxiliares no Ceilão. O governador de Macau, ao escrever para o vice-rei de Goa sobre os esforços para a guarnição em 1651, pediu-lhe que lhe enviasse reinóis e escravos negros, que eram duros e belicosos, ao contrário dos mestiços da Índia, que, como soldados, eram inúteis[2]. Em função dessas e de outras intervenções não se pode negar que as milícias negras estão inseridas no processo de formação da cultura militar lusitana.
O processo histórico de institucionalização e consolidação do aparato militar lusitano resultaria dos diálogos entre universos geograficamente afastados, em hibridismos e em impermeabilidades, em (re) apropriações, em adaptações e em sobreposição de representações e de práticas bélicas. As trocas ocorreriam em função da mobilidade física, e do intenso trânsito de informações e práticas dos militares, resultante de suas ações na Europa, Ásia, África e América.[3].

[1] O termo milícia será aqui empregado no sentido genérico de corpo militar. Durante todo o século XVIII, a denominação foi utilizada várias vezes de forma indiscriminada para designar tanto as tropas regulares quanto as auxiliares. Em Portugal e na América Portuguesa, a partir do século XIX, o termo Milícia passou a designar unicamente os corpos auxiliares.

[2] BOXER, Charles Ralph. O império colonial português. Lisboa: Edições 70, 1977, p. 292-293.
[3] Sobre o processo de mundialização ibérica ver: GRUZINSKI, Serge. Les quatre parties du monde: Histoire d’une mondialisation. Para as características do universo cultural em Minas Gerais ver: PAIVA, Eduardo França. Escravidão e Universo Cultural na Colônia: Minas Gerais, 1716-1789.
http://www.klepsidra.net/klepsidra27/milicias.htm