martes, 8 de septiembre de 2009

Comercio Brasil-India via Mozambique

Tal como Roquinaldo Ferreira,[3] procurámos, antes, analisar e valorizar as relações económicas existentes entre os diversos domínios ultramarinos portugueses, procurando chamar a atenção para o facto de que no Império português as «interdependências» eram complexas e muito diversificadas, necessitando, por isso, de uma análise «geograficamente» mais articulada. No caso de Roquinaldo, o papel das geribitas e dos panos asiáticos no intenso tráfico de escravos entre Angola e o Brasil, e, no meu caso, o papel dos metais preciosos e dos tecidos indianos no estabelecimento de novas dependências entre o comércio indo-brasileiro, especialmente após a chegada da corte ao Brasil.[4]
2. A atracção do Brasil em finais do século XVIII.
Só a partir de 1761 - quase uma década depois do início do processo de autonomia administrativa de Moçambique em relação ao Estado da Índia -, o poder metropolitano manifestou especial interesse em dinamizar o comércio com a Índia e alargá-lo a os outros domínios ultramarinos, nomeadamente ao Brasil.
O conjunto de medidas desenvolvidas pela coroa através das instruções dadas a Calixto Pereira de Sá,[7] nomeadamente a concentração e organização das alfândegas e a liberdade de comércio para todos os súbditos da Coroa portuguesa que quisessem negociar nos portos moçambicanos, promoveu o desenvolvimento de toda a actividade comercial na colónia. O afluxo de avultadas somas em dinheiro provenientes do tráfico de escravos em larga escala com as ilhas francesas do Índico e com o Brasil, foram os elementos que mais contribuíram para a criação de um pequeno grupo mercantil relativamente organizado e para a transformação da ilha de Moçambique numa plataforma giratória de mercadorias e homens, convertendo-a num grande centro económico e comercial, no último quartel do século XVIII.
3. As novas dependências do comércio indo-brasileiro (1808-1820).
Finalmente, vejamos em traços gerais os circuitos comerciais que Goa manteve com portos pouco distantes, em especial com Surrate e Bombaim, bem como as interdependências com os portos de África Oriental, Macau e Rio de Janeiro no quadro das transformações dos fluxos mercantis coloniais ocorridas no processo de emancipação do império brasileiro, entre 1808 e 1820.
Em relação ao movimento comercial entre o Brasil e a Índia os Mapas indicam a entrada de 36 navios em Goa. Só nos anos de 1817 a 1819 chegaram a aportar 4, 8 e 7 navios, respectivamente, cifras que estavam ao nível dos anos áureos da Carreira da Índia. A maioria das embarcações partiu do Rio de Janeiro o que parece confirmar a tese de Fragoso a propósito da «dinâmica própria» dos comerciantes privados cariocas.[13] Da Baía largaram cinco navios e de Pernambuco apenas um. Convém entretanto realçar que as rotas entre o Brasil e o Índico não se dirigiram apenas ao porto de Goa. Cerca de metade dos navios que navegavam em direcção à Índia fazia escala nos Portos do Norte, principalmente em Surrate e Bombaim, para comprar tecidos guzerates. Outros, interrompiam a viagem em Moçambique ou nas Maurícias para carregar cera e marfim que levavam para Surrate e Bombaim, ou paravam na ida para o Brasil para adquirir escravos.
A análise global das relações comerciais de Goa revela a existência de um pequeno mas diversificado comércio com os portos da Índia, sul da Arábia, costa oriental africana e Extremo Oriente. Entre 1809 e 1819, a média das exportações de Goa não ultrapassou os 2% pelo que optámos por somente apresentar cifras quando a actividade mercantil foi relativamente intensa. Exceptuam-se os casos de Moçambique, Bombaim e Macau onde as saídas representaram 3%, 11% e 3%, respectivamente. Quanto às importações, apenas as de Surrate (44%), Bombaim (10.4%), Balagate (10.3%) Macau (4%) e Pondá (3.54%) são significativas.
http://www2.iict.pt/?idc=102&idi=12905

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